segunda-feira, 23 de novembro de 2009

CANDIDÍASE

A candidíase é uma doença infecciosa, causada por fungos leveduriformes do gênero Candida. Todas as espécies de Candida são leveduras e se reproduzem por brotamento; podem formar pseudohifas (brotos alongados que se mantém ligados às células-mãe) ou hifas ou tecidos.

São leveduras diformicas, pertencem ao Reino Fungi, grupo Eumycota, filo Deuteromycota, classe Blastomycetes e faz parte da família Criptococcacea.


Fazem parte da microbiota normal do organismo humano, permanecem como colonizantes e quando encontram condições apropriadas se multiplicam, expõem seus fatores de virulência e invadem a mucosa causando a infecção.


As principais espécies de interesse clínico neste gênero são: Candida albicans, Candida glabrata, Candida krusei, Candida parapsilosis e Candida tropicalis.

A proliferação deste fungo pode aparecer em pacientes em estados imunossuprimidos, com AIDS, câncer, pacientes tratados com corticóides, com o uso prolongado de antibióticos, com quadro clínico de stress e também pacientes em condições especiais que ficam com resistência à infecções diminuída.

domingo, 15 de novembro de 2009

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

As manifestações clínicas da candidíase apresentam uma grande diversidade de quadros, as formas mais freqüentes encontradas da doença podem ser localizadas ou sistêmicas.
Localizadas: candidíase oral, orofaríngea, cutânea, esofágica, gastrointestinal, vulvovaginal e urinária.

Candidíase Oral

Candidíase Gastrointestinal

Candidíase Vulvovaginal

A candidemia é a principal manifestação da doença sistêmica disseminada, é de alta mortalidade, podendo chegar a 40% sendo maior em idosos e neonatos.
A candidíase sistêmica disseminada é rara e acomete principalmente recém-nascidos prematuros, de baixo peso, pacientes imunodeprimidos e neonatos que necessitam de terapia intensiva com procedimentos invasivos. Pode afetar pulmões, meninges, rins, bexiga, articulações, e de maneira menos freqüente, fígado, coração e olhos.
A candidíase disseminada está associada com significativa morbi-mortalidade. A propagação da assadura por Candida para o tronco e tronco e extremidades deve alertar o clínico para a possibilidade de disseminação da infecção. Febre intermitente resistente a anti-piréticos, com lesões cutâneas por Candida ou celulite no local de inserção do catéter intravenoso, e candidemia ou candidúria persistentes, mesmo na ausência de achados cutâneos ou sintomas sistêmicos, indicam a presença da doença disseminada.

É difícil confirmar o diagnóstico de candidíase disseminada. É comum a ocorrência de infecção disseminada com cultura negativa. O diagnóstico é confirmado isolando-se Candida albicans no sangue, abscessos, urina, ou outros fluidos corporais, ou pela presença do microorganismo na biópsia cutânea. O início precoce do tratamento é fundamental para o prognóstico. Um recém-nascido prematuro pode sofrer uma síndrome da pele escaldada por Candida que é devastadoramente fatal.


Infecções por Candida envolvem um aspecto amplo de doenças superficiais invasivas, acometendo pacientes expostos a uma grande diversidade de fatores de risco.

MECANISMO DE AÇÃO

A levedura pode variar da forma comensal para a forma patogênica, levando ao aparecimento das manifestações clínicas, o desenvolvimento de tal infecção está diretamente relacionado com a imunidade celular comprometida, traduzida pela baixa contagem de CD4.

É um patógeno oportunista, o qual tem grande poder patogênico, e depende de alguns fatores de virulência para causar a infecção como:

  • A capacidade de crescimento à 37ºC, no qual permite um bom desenvolvimento no corpo humano.
  • A formação de hifas e pseudohifas, as quais representam um obstáculo para a fagocitose e permitem a fixação da levedura nos epitélios
  • A produção de fosfolipases e de proteinases que auxiliam a aderência da levedura à mucosa do hospedeiro e também facilitam a invasão fúngica.

A produção das enzimas proteinases e fosfolipases comprovam o alto poder patogênico da espécie, é maior na C. albicans e está diretamente relacionada ao poder de virulência. A produção de enzimas proteolíticas tem relação com os casos de infecção recorrentes.


Os efeitos das enzimas fosfolipases e proteinase são importantes, pois promovem a degradação dos componentes de membrana celular, o que facilita a adesão do fungo à mucosa, permitindo a invasão tecidual. A fosfolipase se localiza na superfície da levedura e na extremidade do tubo germinativo, causando danos ao epitélio. Quanto á proteinase, esta tem a capacidade de inativar as proteínas do hospedeiro.


MECANISMOS DE DEFESA

A aderência á mucosa, fase essencial para a levedura progredir no processo de colonização e infecção, pode ser impedida ou diminuída pelas defesas do organismo na mucosa.
Para impedir a proliferação e progressão de candidíases localizadas e disseminadas, foram desenvolvidas defesas imunológicas humoral e celular contra Candida, o organismo humano se defende contra as infecções por esta levedura com diferentes mecanismos, incluindo fatores locais, como pH e umidade, e também com linfócitos T e os fagócitos, indivíduos com o comprometimento na imunidade mediada por este tipo de linfócitos são mais susceptíveis a infecção.

Dentre os mecanismos de defesa, as imunoglobulinas da classe IgA presentes nas secreções e saliva desempenham papel fundamental, promovendo a neutralização do fungo pela ligação em suas adesinas, bloqueando sua ligação em receptores celulares, podendo inibir sua aderência às células epiteliais da mucosa, o que conseqüentemente, impede a proliferação do fungo.

A IgA também protege a mucosa do contato com o microorganismo antes de sua penetração, formando complexo Ag – AG; que é removido pela secreção de mucina proveniente de tecidos glandulares localizados em vários sítios da mucosa. Uma maior quantidade deste tipo de anticorpos associado à mucosa, demonstra que existe proliferação de leveduras do gênero Candida apresentando uma infecção ativa, existindo assim uma resposta local com a produção de IgA anti-candida para combater a infecção.

A IgA tem sido implicada na inibição de microorganismos nas mucosas, removendo-os desses sítios pela formação de imunocomplexos. Anticorpos IgA anti-candida produzidos localmente são distribuídos para diferentes locais do organismo pela circulação sanguínea, conferindo proteção em outras mucosas do corpo.

A baixa produção destes anticorpos nas mucosas predispõe à implantação de patógenos, o aumento do nível de anticorpos nas mucosas aumenta a velocidade de remoção do fungo, ajudando na proteção local.

FORMAS DE DIAGNÓSTICOS

O diagnóstico fundamenta-se principalmente nos sinais presentes no exame físico, e também a partir da anamnese. Os sinais clínicos que envolvem as mucosas se apresentam com uma camada de lesões esbranquiçadas, lisa e dolorosa.

Este diagnóstico deve ser confirmado com exame microbiológico comprovando a presença de leveduras do gênero Candida, com a análise de amostra obtida por esfregaço ou biópsia da área afetada, através de técnicas de microscópicas de isolamento do fungo, observando o aparecimento de hifas e pseudohifas nas colônias proliferadas.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

FATORES DE RISCO

As leveduras do gênero Candida têm grande importância pela alta freqüência com que colonizam e infectam o hospedeiro humano. Estes microorganismos tornam-se patogênicos caso ocorram alterações nos mecanismos de defesa do hospedeiro, são considerados também oportunistas porque em condições propícias, da qual depende de fatores de virulência e fatores pré-disponentes locais ou sistêmicos, podem proliferar desencadeando processos infecciosos.

As Alterações dos mecanismos de defesa do hospedeiro podem ser decorrentes de mudanças fisiológicas características da infância (prematuridade) e envelhecimento, ou mais freqüente associadas às doenças degenerativas, neoplásicas, imunodeficiências congênitas ou adquiridas e imunodepressão induzida por atos médicos.

Acredita-se que a maioria dos casos de candidemia seja adquirida por via endógena, pela translocação do patógeno através do trato gastrointestinal, também por via exógena através do contato das mãos de profissionais de saúde, com pacientes portadores de cateteres vasculares, implante de próteses contaminadas, bem como pela administração parenteral de soluções contaminantes.

FORMAS DE TRATAMENTO

Os diferentes tipos de diagnósticos são necessários para a escolha do tratamento da candidíase, devido à variedade destes microrganismos no organismo humano. Os sinais clínicos são de fundamental importância para que aconteça a identificação e confirmação rápida da infecção, desta maneira poderá ser aplicado o tratamento de melhor eficácia.

O tratamento da candidíase pode ser realizado com medicações endovenosas ou orais com antifúngicos como anfotericina B, caspofungina ou derivados de azol, como fluconazol e itraconazol, enquanto nas infecções superficiais é feito pela aplicação de antimicóticos tópicos como nistatina, clotrinazol, miconazol entre outros.

A RELAÇÃO DA DIETA COMO PREVENÇÃO DA DOENÇA

Sabe-se da relação existente entre nutrição e o sistema imunológico, a candidíase não pode ser curada somente através das alterações dietéticas, mas são de fundamental importância para a eficácia do tratamento antifúngico usualmente empregado, e também para a prevenção da doença.

A dieta garante uma melhor função digestiva e o sistema imunológico íntegro, assim a Candida não encontrara ambiente propício para o seu crescimento excessivo. Estudos recentes mostram que diversos nutrientes têm capacidade de modular o sistema imunológico, via ativação de linfócitos e macrófagos, produção de moléculas vasodilatadoras, inibição da função neutrofílica e estímulo hormonal.

Essas substâncias são denominadas nutrientes imunomoduladores, que incluem arginina, glutamina, cisteína, nucleotídios, ácidos graxos, fibras, vitaminas A, C, E e zinco, que podem ter ação direta ou indireta no sistema imune.

  • Auxiliando na produção e na máxima função dos linfócitos e macrófagos, como a arginina, a glutamina, os nucleotídios e a vitamina A.
  • Os antioxidantes protegem o organismo contra o efeito dos radicais livres, que causam o stress oxidativo, estão presentes na vitamina C e E, e também na cisteína.
  • Alguns são componentes essenciais das membranas celulares, como o ômega 3 e ômega 6.
  • Modulam a produção de prostaglandinas, leucotrienos e prostaciclinas, como os ácidos graxos.
  • O zinco atua como co-fator em uma variedade de sistemas enzimáticos, sendo vital para a síntese de proteínas.
  • Estão presentes nas carnes, peixes, leite e derivados, cereais, grãos, sementes, frutas, verduras, leguminosas e em óleos vegetais.

Uma dieta balanceada composta de nutrientes imunomoduladores é necessária para manter a integridade do sistema imune, prevenindo assim a infecção causada pelo fungo do gênero Candida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009